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Wednesday, September 08, 2004

Apresentando Danko Jones 

Lembro-me de o ano passado ter ido ao Festival Paredes de Coura e, em frente ao palco, estar com apenas mais três outras pessoas que conheciam o trio canadiano que se preparava para estrear em solo lusitano, que respondiam pelo nome Danko Jones.
O que começou por ser um concerto às escuras, para apenas meia dúzia de pessoas que conheciam previamente o que estavam a ver e ouvir, tornou-se rapidamente num espectáculo louco para dezasseis mil espectadores (no mínimo) - a apresentação não poderia ter corrido melhor.
Hoje, já não há um único pseudo-entendido de música moderna que não apregoe aos magotes de amigos que o rodeiam, os benefícios da música deste colectivo canadiano.

Para quem ainda não ouviu falar, trata-se de um power trio tradicional - guitarra/voz, bateria e baixo - natural do Canadá, que adopta o nome do seu frontman, o vocalista e guitarrista Danko Jones. Assentes nesta combinação, que já por si é explosiva, os Danko Jones são uma experiência bombástica quando experimentada ao vivo - são toneladas de adrenalina injctadas nas veias a um ritmo alucinante e galões intermináveis de testoterona bombeada directamente para o coração.

Os Danko Jones são verdadeiros animais de palco (e quando se fala da banda, o seu nome confunde-se com o vocalista, porque os dois são quase o mesmo e falar de um em particular e de outro em geral, é como falar quase do mesmo), altamente rodados após anos de estrada, alcatrão e poeira, em que se negavam frontalmente a entrar em estúdio e a assinar contratos com qualquer produtora, afastando todas e quaisquer pressões capazes de impedir de os fazer aquilo que queriam e gostavam - rock n' roll!

De facto, os Danko Jones não são os salvadores do rock, mas sem dúvida que têm contribuído para que este se mantenha vivo. Não se apresentam com a presunção de reinventar a música, mas estão lá para tocar aquilo que gostam - nariz ao vento, guitarras ao alto e bateria à desgarrada, num rock muito retro, sem rodriguinhos ou jogos de cintura.
É certo que se escreve o nome dos AC/DC, dos MC5 ou dos Deep Purple, quando se tenta descrever o som deste trio sui generis canadiano, mas o que é certo é que as raízes do rock estão lá todas. E Danko Jones faz questão de deixar isto bem claro, em todos os concertos, no final de Mountain, quando clama pelos grandes nomes que já nos deixaram, sejam eles Robert Johnson, Cliff Burton, Joey Ramone, Joe Strummer, Marvin Gaye ou Otis Redding.

Os Danko Jones não venderam a alma ao diabo num certo cruzamento no deserto norte-americano; mas quando Robert Johnson vendeu a sua, eles estavam lá. Também não juntaram a palavra de Deus à palavra do Diabo, em forma de música; mas quando Ray Charles o fez pela primeira vez, também estavam lá. E também é certo que não se juntaram para cantar o amor; mas enquanto Marvin Gaye o cantava, eles enfatizavam o sexo.
Os Danko Jones não vão reinventar a música. Se calhar, até vai conhecer todas as músicas antes de as ouvir. Mas de certeza que não o vão deixar quieto um instante. E no final do disco, as suas pernas vão estar trôpegas de saltar e a sua voz rouca de gritar. Como se tivesse levado uma autêntica sova. Porque a sua música são autênticas sovas!

Danko Jones são, talvez, a banda da actualidade mais brutal em palco.
E como já alguém se definiu, eles não querem descobrir a pólvora. Apenas senti-la explodir.


[Banda Sonora - Wait A Minute; We Sweat Blood; 2003]

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