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Tuesday, August 31, 2004

Ter um duo é copiar os The White Stripes? 

Passaram recentemente por palcos portugueses, mais concretamente em Paredes de Coura, o duo metade inglês, metade americano, The Kills.
Ele, Hotel de seu nome e ela VV, eram então desconhecidos da maioria do grande público e subiram a palco como a grande incógnita do festival. É certo que passaram com distinção o teste a que estavam sujeitos (apesar dos problemas técnicos), mas não é isso que importa agora.

O que é certo é que o duo subiu a palco vestido de cabedal negro como a noite, como bons discípulos dos Jesus & The Mary Chain e rapidamente despiram esta pele, para começar a soltar rock sujo de blues e amor sujo de sexo. Como alguém já escreveu, não é fazer amor, é foder!
No entanto, mesmo depois deste ataque musical, ainda eram muitos os menos sensíveis e perspicazes de ouvido, que continuavam a olhar para aquele casal em palco e a comentar São mais uns a imitar os The White Stripes e de certo, que ainda foram muitos os que foram para casa, comentar com os amigos que tinham visto mais uma cópia dos The White Stripes.

É certo que os The White Stripes vieram abrir um precedente de duos na música rock, que até então não havia. Mas será que todos os casais que aparecerem a tocar serão cópias dos The White Stripes? Haverá alguém capaz de dizer que os The Hells são uma cópia dos The White Stripes? Haverá alguém capaz de dizer que os The Raveonettes são uma cópia dos The White Stripes? Haverá alguém capaz de dizer que os Detroit Cobras são uma cópia dos The White Stripes? Pelos vistos sim...
Lembro-me de ver o José Malhoa a actuar na televisão, durante os seus tempos áureos, ao lado da sua filha, a ainda então petiz Ana Malhoa. Isso fazia deles uma cópia dos The White Stripes? Pelos vistos sim...


[Banda Sonora - Fuck The People; Keep You On The Mean Side; 2002]


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A validade dos antigos novos projectos 
Decididamente, está na moda reactivar antigas bandas na reforma, sejam elas antigos marcos de uma geração, como os Duran Duran, ou sejam elas antigos símbolos da música rock, como os Deep Purple, ou ainda, sejam elas as The Bangles.
O que é certo é que todos os motivos são válidos para reactivar uma banda perdida que já teve o mínimo sucesso em tempos idos; e nem o facto de um (ou dois, ou mais) membro já ter falecido impede que isso aconteça, como fizeram os The Who.

Este meu ensaio recai sobre dois casos particulares: os The Doors e os MC5. Ambas as bandas foram cicatrizes profundas na história da música: exerceram influências, marcaram direcções, foram a génese de muita da música contemporânea. E ambas acabaram a sua actividade há décadas atrás. No entanto, com esta nova moda emergente, rapidamente surgiram projectos para as voltar a erguer. E assim surgiram os The Doors Século XXI e os MTK/MC5, supostos novos projectos, rebaptizados como forma de conferir um novo aspecto às antigas bandas, agora desprovidas de alguns dos seus membros, entretanto falecidos - Jim Morrison e Rob Tyner e Fred Smith, respectivamente.

A minha opinião é muito simples. Reactivar uma banda, anos e anos depois de esta ter perecido, por qualquer que seja o motivo, é um erro crasso e muito raramente dá resultado. E ractivar uma banda, depois de um ou mais membros já terem falecido, ainda pior o é - que me recorde, apenas os AC/DC conseguiram contornar esse aspecto de maneira positiva.
No entanto, pegando nestes dois casos concretos, dos novos The Doors e nos novos MC5, a minha opinião é que enquanto o primeiro é um projecto sem a mínima credibilidade, o segundo ainda consegue ter alguma validade.
Ora vejamos:

Os The Doors Século XXI é um projecto sem validade, porque para além de ter um Ian Astbury voluntarioso e cheio de vontade, Jim Morrison será sempre Jim Morrison, e queiram ou não, será sempre o rosto dos The Doors, pelo seu carisma único - e este novo projecto não consegue contornar este fantasma. Os MC5 tiveram que substituir o seu antigo volcalista e o antigo guitarrista e conseguiram-no de forma positiva, através de um modo eclesiástico, ao esticar as participações vocais entre os membros ainda vivos e o ex-Mudhoney Mark Arm e a ex-Bellrays Lisa Kekaula, e entregando a outra guitarra ao Hellacopter Nicke Royale. Logo aqui há uma diferença na validade de ambos os projectos: enquanto que o primeiro aparece como uma tentativa de reanimar os The Doors, revisitando as gerações passadas e introduzindo-se às novas gerações da forma possível (e nem vou comentar aqui o caso do baterista), os MC5 apresentam-se conscientes de todas as suas limitações, e para contornar isso recorrem a uma nova experiência musical em palco.
Porque enquanto os The Doors Século XXI recorrem a uma reencarnação posterior de o que foram, retocando todo o seu reportório de trás para a frente e de frente para trás, os MKT/MC5 apresentam-se como um novo projecto, nascido das cinzas do anterior. Tem o mesmo objectivo de apresentar a um novo público, um reportório importantíssimo da história musical, mas fa-lo segundo contornos de lição de música: os membros fundadores e os novos passeiam por um vasto reportório, passando pelos blues (Motor City's Burning), batendo à porta do soul e do gospel (I Believe To My Soul), rompendo pelo rock n' roll (Back In The USA), acenando ao metal (Over And Over) e claro, por Kick Out The Jams.

Por isso, enquanto que os MKT/MC5 são uma lição de música, os The Doors Século XXI são... bem, alguma coisa serão.

[Banda Sonora - Ramblin' Rose; Kick Out The Jams; 1969]


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Monday, August 30, 2004

Silent hills make pretty noises... 

...Fake Plastic Words; Algodão Doce e Valium; The Private Psycadelic Reel; Beautiful Themes For Ugly Childrens; Kitschnette Fever; Exílio na Rua Principal; Tales And Songs From Weddings And Funerals....

E mais uma panóplia de nomes que nos passaram pelas mãos, antes de nos decidirmos por The Laundry Blues.
Incrível como conseguimos escolher o pior.
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Sunday, August 29, 2004

Esta tarde, no meu leitor de CD's 



[Jane Birkin - Rendez Vouz; Cocorosie - La Maison De Mon Reve; The Libertines - The Libertines]

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Prólogo 
Na generalidade há dois tipos de pessoas: as pessoas que gostam dos Stones e as pessoas que gostam dos Beatles. Todas as pessoas pendem para um destes grupos, digam o que disserem. Podem é não saber, mas, inconscientemente, ou são pessoas que gostam dos Stones ou pessoas que gostam dos Beatles.

Claro que podem haver pessoas que gostam dos Beatles e que simpatizam com os Stones. Mas esses indivíduos não são pessoas que gostam dos Stones. O que quero dizer é que há pessoas que gostam dos Beatles que até podem dizer “Os Stones têm a sua graça” ou mesmo “Os Stones são a banda em actividade mais interessante”, mas que dirão sempre que o Mick Jagger andou a reboque do John Lennon e que os Stones sempre invejaram e copiaram os Beatles. Dirão que Their Satanic Majesties Request é um agradável invólucro alucinogéneo, mas Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band é a verdadeira essência da música psicadélica. Dirão que os Stones até souberam gritar e dançar, mas os Beatles é que souberam compor e tocar.

Tal como estes, também há pessoas que gostam dos Stones que podem simpatizar com os Beatles, mas que nunca serão pessoas que gostam dos Beatles. Ou seja, até podem dizer que Revolver é um interessante marco do rock, mas que o verdadeiro altar será sempre Exile On The Mainstreet. Dirão que Lennon e McCartney foram uma dupla marcante para a história da música pop, mas que Jagger e Richards foram preponderantes para o desenvolvimento da música rock na Europa.

Ou seja, haverá sempre aquele que até gosta de cantar o Help, mas que irá sempre preferir assobiar o Miss You. Haverá sempre aquele que gosta do riff de Satisfaction, mas que se irá deleitar com as guitarras de Day Tripper, assim como haverá aquele que gostará de arranhar vezes sem conta o Helter Skelter, mas que irá gritar o Jumpin’ Jack Flash até lhe estoirar os pulmões.

O que eu quero dizer é que há dois tipos de pessoas: as pessoas que gostam dos Beatles e as pessoas que gostam dos Stones. Podem haver pessoas do primeiro grupo que simpatizam com os Stones e vice-versa. Mas nunca haverá pessoas que gostam das duas bandas por igual, equiparadamente.
Eu sou sem dúvida, uma das pessoas que gostam dos Stones.

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