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Friday, April 29, 2005

Tributo 


HASIL ADKINS - 1938-2005


Apesar de ter desaparecido, Hasil Adkins será sempre recordado naquilo que sabia fazer melhor: no blues.
Poderá seguir este caminho e descarregar She Said, curiosamente, o tributo que Tigerman lhe prestou no final do seu álbum debutante, Naked Blues.
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Wednesday, April 27, 2005

O folk está de volta à cidade 

O folk veio decididamente para ficar. Ou, como já ouvi alguém chamar, o neo-folk. Porque assim rebaptiza-se o velho para parecer novo. E como todos os revivalismos, cria-se o hype e torna-se o folk na the next big thing.

Oficialmente reabilitado com a colectânea The Golden Apples Of The Sun, o folk trouxe para a grande fogueira do internacionalismo pequenas achas que não eram mais do que simples cantautores fiéis dos recônditos cantos da alma norte-americana. Essa internacionalização mandou às urtigas essa exclusividade americana e agora o folk já é uma tristeza de alma que se pode ouvir na bela Itália (alguém falou de Emiliana Torrini?) ou nas Beiras Altas (alguém falou de Old Jerusalem?).

Sempre sob a alçada do deus-maior, Devendra Banhart, o círculo do folk tem vindo a alargar-se, incluindo uma diversidade de nomes que começam a ser comuns nos orgãos de comunicação: Antony, Cocorosie, Iron & Wine, Six Organs Of Admitance ou Josephine Foster.
Por isso, antes que a obra rebente na praia e apenas alguns nomes permaneçam na espuma da rebentação folk, há que chamar a atenção para os que podem não se destacar.

Antony disse a seu respeito que "uma força assim só aparece de vinte em vinte anos". Mas se o ano zero da cronologia folk é contado a partir do mestre Bob Dylan, corrijo que uma força assim só aparece de quarenta em quarenta anos.
Apesar dos seus tenros vinte - 20 - vinte anos, Joanna Newsom já tem muito a contar no mundo da música em geral e no mundo do folk em particular. Joanna Newsom tem a voz de cana rachada de Bob Dylan, que se estranha e depois entranha; tem a rebeldia de Patti Smith, apesar do ar angelical de quem ainda não foi corrompida pela consciência da idade; tem o espírito campestre de Joan Baez, num misto Casa Da Pradaria/Cowgirl; e tem o espírito de Joni Mitchell.
Joanna Newsom é um anjo descido à terra. E como que a provar esse facto (porque apesar de óbvio, há sempre os cépticos e os teimosos), não se esquivou a trazer a sua harpa consigo. E basta vê-la tocar tão angelical instrumento para constatar que nennum humano toca harpa daquela maneira - batida, em vez de dedilhada.

O folk veio para ficar. Se a história se repetir no ciclo elíptico que costuma fazer, voltará para o esquecimento dentro de alguns anos. Esperemos que os anjos fiquem.


[Banda Sonora - This Side Of The Blue; The Milk-Eyed Mender; 2004]

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Tuesday, April 19, 2005

There's no place like home 

Ouvi, mais do que uma vez até (e aposto que a maioria de vocês já ouviram histórias semelhantes), um amigo contar orgulhosamente que, numa viagem de férias à Índia, encontrou um restaurante onde comeu um saboroso bacalhau à transmontana.
Mas que barbaridade é esta? Mas quem é que vai conhecer uma cultura estrangeira, completamente antagónica da nossa, e acaba por se deliciar com a mais tradicional das nossas refeições? É como ir a Roma e não ver o Papa, de certo modo.

Posso garantir-vos de que não há experiência mais enriquecedora do que conhecer por dentro uma cultura diferente da nossa. E para o fazer da forma mais correcta, há que nos inserir nessa sociedade a cem por centro - banirmos totalmente, qualquer ponto característico que faz de nós um orgulhoso português, abraçar os hábitos gastronómicos locais, tentar ao máximo comunicar com os habitantes na sua língua e, até, abandonar ao máximo, o contacto com o que se está a passar com o nosso país. Só assim conseguiremos experienciar na sua totalidade, uma cultura estrangeira.

Perdidos assim num país diferente do nosso, em que a língua é completamente desconhecida para nós, faz-nos tornar mais ligados a nós próprios; a televisão torna-se um objecto estranho, o cinema deixa de ser uma opção válida, até as conversas de café são uma alienação... Por isso, recordamo-nos que sabemos pensar, ao vermos estimulados o nosso subconsciente, para mais quando o único escape pode ser um livro que veio como companhia. Um livro e a música.
A música acaba mesmo por ser uma linguagem universal, que não precisa de descodificações para ser absorvida. Por isso, num país estrangeiro, a música é um veículo importante.

No entanto, por mais positiva que seja a experiência, não há lugar como a nossa casa. Ou não fossemos nós portugueses, os quais até têm um sentimento a que chamam de saudade que nos é exclusivo.
Dei por mim envolvido nessa experiência. Daí, ter permanecido ausente das lides bloguísticas durante a semana passada. Durante oito dias estive em trabalho num país estrangeiro (chamado Coimbra), onde aproveitei para fazer um exaustivo reconhecimento da cultura local. No entanto, por mais positiva que tenha sido a experiência, acabei por dar por mim a saudar o que tinha deixado para trás, aquele quotidiano rotineiro que tantas vezes amaldiçoo.
E assim, durante esses momentos momentâneos de saudade, fez-me desejar ouvir uma das bandas aqui da terreola, os Mazgani.

Os Mazgani preparam-se para ser o próximo hype por terras lusitanas. Mas desta vez justificado, mesmo que tenha sido impulsionado por uma bela distinção de uma certa revista francesa, que não vou dizer qual para não pensarem que é oportunismo. De facto, eles merecem mesmo o reconhecimento. E este sábado que passou, apesar de terem arrecadado o prémio do Termómetro Unplugged sob alguns protestos de algumas bandas concorrentes, aposto que foi mais do que merecido.

Fazendo uso da experiência profissional dos membros da banda, os Mazgani adoptam o apelido do seu vocalista e compositor, Sharyar Mazgani, para formarem um conjunto sólido e sóbrio. Os Mazgani são Jeff Buckley, Nick Drake e Leonard Cohen, na fase PJ Harvey pós-Rid Of Me, armados com as armas dos Radiohead, dividos em quatro membros. Por isso, não é estranho que invocem versões de Desperate Kingdom of Love ou Dance Me To The End Of Love.
Fora isto, têm ainda uma grande personalidade em palco, que os fazem ser uma excelente banda para recontos fechados, num low profile com picos muito altos.
Comecem a fixar o nome, porque pelo menos por aqui, vai ser alvo de atenção constante.

Apeteceu-me falar deles, neste meu regresso à Lavandaria.
Devia antes ter agradecido ao Bom Selvagem e ao Polónio (para não falar do CEC e das coisas todas que o envolveram) pelos acontecimentos desta semana. Mas eu sei que vocês não se importam.


[Banda Sonora - Desperate Kingdom Of Love; Uh Uh Her; 2004]

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Wednesday, April 06, 2005

O Erasmus era um gajo fixe 

Acredito que sim, não sei, nunca o conheci pessoalmente, mas acredito que tenha sido um gajo porreiro. Agora o que sei, é que o Programa ERASMUS é algo de extraordinário, que permite uma abertura cultural tremenda e que possibilita uma experiência de vida inesquecível. As potencialidades desta experiência, muito para lá do simples êxito escolar, são algo de fantástico que, infelizmente, continua a passar ao lado de muita boa gente.

Uma vez que as circunstâncias da vida não me permitem abraçar tal aventura, continuo a aproveita-la da outra forma possível, ou seja, da maneira inversa. E que significa isto? É o manter contacto com a outra metade do Programa ERASMUS, ou seja, aqueles alunos que fazem percurso contrário, com destino ao nosso país em geral e à nossa universidade em particular.
O truque está em estabelecer contacto com o máximo número possível destes alunos, com preferência que sejam de nacionalidades diversas. E quanto mais longe e recôndito for o seu país de origem, melhor. Depois é aborda-los acerca do seu legado cultural, ou seja, do cinema, da música, da literatura, do que vos mais interessar.

O meu último contacto foi com uma natural de França. Se na temática cinematográfica a abordagem não foi muito produtiva, uma vez que Depardieus, Renos, Jeunets, Godards e Besons são do conhecimento de toda a gente, no caso da música tudo mudou de aspecto e a experiência foi muito produtiva.
Nós, simples portugueses, geralmente associamos a uma frase que contenha as palavras "música francesa", nomes como o de Manu Chao, Paris Combo, Edith Piaf, Yann Tiersen, ou mesmo, Jacques Brel, dEUS, ou Jane Birkin. Eu agora, posso-me gabar de associar outros, muitos outros. Mas não o vou fazer; vou só apontar dois, preferindo a qualidade à quantidade.

Assim, na pilha de CD's dos favoritos, juntaram-se duas rodelas prateadas fantásticas. Uma delas é de um italiano à solta em Paris, responde pelo nome de Sanseverino e assina um disco fantástico, daqueles cheios de raios de sol a entrar pela janela da manhã, pássaros a chilrear no parapeito e crianças a dançar lá fora.
Sanseverino é um daqueles discos que faz apetecer levantar da cama de manhã; com uma engrenagem forte que trabalha a swing, funk, dub e muitas outras coisas, é algo de muito eclético e que promete bastante para as tardes de Verão.
Quanto à segunda rodela, esta sim, é de uma importância tremenda e tem assinada apenas um nome: Arno. Arno é um belga que tem uma buzina na garganta. Alguém falou em Tom Waits? Não, mas as semelhanças existem. Com Waits, com Brel, com muito boa gente. Arno é um cantor fantástico, com uma voz rouca inconfundível, que destila no mesmo disco blues cubista e rock-jazz, como se isso existisse. Arno é daquelas coisas que se colam ao leitor de CD's e que prometem ficar por lá bastante tempo.
Eu sei que não tenho muito jeito para despertar curiosidades, mas era bom que o descobrissem.


[Banda Sonora - Mother's Little Helper; Arno Charles Ernest; 2004]

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Monday, April 04, 2005

Tributo 


[1913-1983]


Quaisquer palavras que se tentem serão sempre pequenas demais perante a grandeza de Muddy Waters. O seu contributo para a música, não só do blues, mas da própria música contemporânea, é incalculável.
Só por isso, um post de tributo, em memória desta lenda.

The seven doctors say / He was born for good luck
Já reparamos!
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