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Tuesday, April 19, 2005

There's no place like home 

Ouvi, mais do que uma vez até (e aposto que a maioria de vocês já ouviram histórias semelhantes), um amigo contar orgulhosamente que, numa viagem de férias à Índia, encontrou um restaurante onde comeu um saboroso bacalhau à transmontana.
Mas que barbaridade é esta? Mas quem é que vai conhecer uma cultura estrangeira, completamente antagónica da nossa, e acaba por se deliciar com a mais tradicional das nossas refeições? É como ir a Roma e não ver o Papa, de certo modo.

Posso garantir-vos de que não há experiência mais enriquecedora do que conhecer por dentro uma cultura diferente da nossa. E para o fazer da forma mais correcta, há que nos inserir nessa sociedade a cem por centro - banirmos totalmente, qualquer ponto característico que faz de nós um orgulhoso português, abraçar os hábitos gastronómicos locais, tentar ao máximo comunicar com os habitantes na sua língua e, até, abandonar ao máximo, o contacto com o que se está a passar com o nosso país. Só assim conseguiremos experienciar na sua totalidade, uma cultura estrangeira.

Perdidos assim num país diferente do nosso, em que a língua é completamente desconhecida para nós, faz-nos tornar mais ligados a nós próprios; a televisão torna-se um objecto estranho, o cinema deixa de ser uma opção válida, até as conversas de café são uma alienação... Por isso, recordamo-nos que sabemos pensar, ao vermos estimulados o nosso subconsciente, para mais quando o único escape pode ser um livro que veio como companhia. Um livro e a música.
A música acaba mesmo por ser uma linguagem universal, que não precisa de descodificações para ser absorvida. Por isso, num país estrangeiro, a música é um veículo importante.

No entanto, por mais positiva que seja a experiência, não há lugar como a nossa casa. Ou não fossemos nós portugueses, os quais até têm um sentimento a que chamam de saudade que nos é exclusivo.
Dei por mim envolvido nessa experiência. Daí, ter permanecido ausente das lides bloguísticas durante a semana passada. Durante oito dias estive em trabalho num país estrangeiro (chamado Coimbra), onde aproveitei para fazer um exaustivo reconhecimento da cultura local. No entanto, por mais positiva que tenha sido a experiência, acabei por dar por mim a saudar o que tinha deixado para trás, aquele quotidiano rotineiro que tantas vezes amaldiçoo.
E assim, durante esses momentos momentâneos de saudade, fez-me desejar ouvir uma das bandas aqui da terreola, os Mazgani.

Os Mazgani preparam-se para ser o próximo hype por terras lusitanas. Mas desta vez justificado, mesmo que tenha sido impulsionado por uma bela distinção de uma certa revista francesa, que não vou dizer qual para não pensarem que é oportunismo. De facto, eles merecem mesmo o reconhecimento. E este sábado que passou, apesar de terem arrecadado o prémio do Termómetro Unplugged sob alguns protestos de algumas bandas concorrentes, aposto que foi mais do que merecido.

Fazendo uso da experiência profissional dos membros da banda, os Mazgani adoptam o apelido do seu vocalista e compositor, Sharyar Mazgani, para formarem um conjunto sólido e sóbrio. Os Mazgani são Jeff Buckley, Nick Drake e Leonard Cohen, na fase PJ Harvey pós-Rid Of Me, armados com as armas dos Radiohead, dividos em quatro membros. Por isso, não é estranho que invocem versões de Desperate Kingdom of Love ou Dance Me To The End Of Love.
Fora isto, têm ainda uma grande personalidade em palco, que os fazem ser uma excelente banda para recontos fechados, num low profile com picos muito altos.
Comecem a fixar o nome, porque pelo menos por aqui, vai ser alvo de atenção constante.

Apeteceu-me falar deles, neste meu regresso à Lavandaria.
Devia antes ter agradecido ao Bom Selvagem e ao Polónio (para não falar do CEC e das coisas todas que o envolveram) pelos acontecimentos desta semana. Mas eu sei que vocês não se importam.


[Banda Sonora - Desperate Kingdom Of Love; Uh Uh Her; 2004]

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