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Wednesday, April 06, 2005

O Erasmus era um gajo fixe 

Acredito que sim, não sei, nunca o conheci pessoalmente, mas acredito que tenha sido um gajo porreiro. Agora o que sei, é que o Programa ERASMUS é algo de extraordinário, que permite uma abertura cultural tremenda e que possibilita uma experiência de vida inesquecível. As potencialidades desta experiência, muito para lá do simples êxito escolar, são algo de fantástico que, infelizmente, continua a passar ao lado de muita boa gente.

Uma vez que as circunstâncias da vida não me permitem abraçar tal aventura, continuo a aproveita-la da outra forma possível, ou seja, da maneira inversa. E que significa isto? É o manter contacto com a outra metade do Programa ERASMUS, ou seja, aqueles alunos que fazem percurso contrário, com destino ao nosso país em geral e à nossa universidade em particular.
O truque está em estabelecer contacto com o máximo número possível destes alunos, com preferência que sejam de nacionalidades diversas. E quanto mais longe e recôndito for o seu país de origem, melhor. Depois é aborda-los acerca do seu legado cultural, ou seja, do cinema, da música, da literatura, do que vos mais interessar.

O meu último contacto foi com uma natural de França. Se na temática cinematográfica a abordagem não foi muito produtiva, uma vez que Depardieus, Renos, Jeunets, Godards e Besons são do conhecimento de toda a gente, no caso da música tudo mudou de aspecto e a experiência foi muito produtiva.
Nós, simples portugueses, geralmente associamos a uma frase que contenha as palavras "música francesa", nomes como o de Manu Chao, Paris Combo, Edith Piaf, Yann Tiersen, ou mesmo, Jacques Brel, dEUS, ou Jane Birkin. Eu agora, posso-me gabar de associar outros, muitos outros. Mas não o vou fazer; vou só apontar dois, preferindo a qualidade à quantidade.

Assim, na pilha de CD's dos favoritos, juntaram-se duas rodelas prateadas fantásticas. Uma delas é de um italiano à solta em Paris, responde pelo nome de Sanseverino e assina um disco fantástico, daqueles cheios de raios de sol a entrar pela janela da manhã, pássaros a chilrear no parapeito e crianças a dançar lá fora.
Sanseverino é um daqueles discos que faz apetecer levantar da cama de manhã; com uma engrenagem forte que trabalha a swing, funk, dub e muitas outras coisas, é algo de muito eclético e que promete bastante para as tardes de Verão.
Quanto à segunda rodela, esta sim, é de uma importância tremenda e tem assinada apenas um nome: Arno. Arno é um belga que tem uma buzina na garganta. Alguém falou em Tom Waits? Não, mas as semelhanças existem. Com Waits, com Brel, com muito boa gente. Arno é um cantor fantástico, com uma voz rouca inconfundível, que destila no mesmo disco blues cubista e rock-jazz, como se isso existisse. Arno é daquelas coisas que se colam ao leitor de CD's e que prometem ficar por lá bastante tempo.
Eu sei que não tenho muito jeito para despertar curiosidades, mas era bom que o descobrissem.


[Banda Sonora - Mother's Little Helper; Arno Charles Ernest; 2004]

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