<$BlogRSDURL$>

Wednesday, September 29, 2004

As bandas-sonoras 

Há três tipos de bandas-sonoras: as más, as boas e as imortais. Há ainda outras duas categorias onde se sub-dividem as bandas-sonoras: as feitas de propósito para os filmes e aquelas que são pastiches de músicas a solto. Estas últimas duas categorias podem ser inseridas em qualquer uma das três primeiras categorias.
As que eu quero falar aqui são das imortais, que são as únicas que interessam.
Nesta categoria, a grande maioria são as banda-sonoras feitas exclusivamente para um filme; vêm logo à memória nome como o de Michael Nyman ou de Ennio Morricone. No entanto, apesar de poucas, também há bandas-sonoras imortais resultante de uma colagem de diversos trechos musicais. E neste campo salta à vista o nome de Quentin Tarantino.

Nunca acreditem naqueles que apontam uma banda-sonora como imortal, sem ver o respectivo filme. Ela só se torna imortal após o visionamento do filme. É como que certas músicas necessitassem de uma forma palpável para adquirirem total sentido.
Por exemplo, Ecstasy Of The Gold, o original de Morricone, é um poderoso intrumental que abre primorosamente os concertos de Metallica; mas não ganha o triplo do efeito, quando a vemos ilustrar a busca de Tuco pelo cemitério, na famosa prequela da triologia dos dólares, de Sergio Leone? É sem dúvida, um dos maiores momentos da sétima arte.
Outro exemplo, este da segunda categoria, tem a ver com a música de Dusty Springfield, Son Of A Preacher Man. A canção é uma excelente composição do início dos anos 60. No entanto, após ter sido dançada por Uma Thurman, antes da sua famosa overdose em Pulp Fiction, transcendeu-se e adquiriu novo significado. De repente, passou a fazer todo o sentido.

Actualmente, as bandas-sonoras sofrem dos mesmos problemas que o cinema. Ou seja, também são regidas por intuitos comerciais e são cada vez mais, colectâneas de êxitos radiofriendly das bandas da moda.
No entanto, há excepções. E Para Onde O Vento Sopra é uma excepção.
A banda-sonora do genial filme de Tom Barman, o vocalista dos dEUS, é imortal. E insere-se na categoria das colagens musicais. O exemplo mais berrante do que estou a tentar explanar, reside no projecto de Barman, Magnus. Se em Paredes de Coura, o concerto de Magnus não foi mais do que um reportório de música electrónica, levemente agradável e levemente dançável, em Para Onde O Vento Sopra, quando lhes conferida matéria visual, elas transcendem-se. E agora Magnus não sai do meu leitor de CDs.
E o mesmo acontece com REgular John, dos Queens Of The Stone Age, ou com Charles Mingus, que agora parece ser a banda-sonora oficial de Antuérpia.

As bandas-sonoras podem ser imortais. E esta é uma delas!


[Banda Sonora - Summer's Here; Original Soundtrack; 2004]


|

This page is powered by Blogger. Isn't yours? Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com