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Thursday, September 02, 2004

Coimbra, capital nacional do rock 

A frase não é da minha autoria, mas faço dela minha.
Para quem não está dentro da actualidade musical nacional (ou até mesmo para quem está), pode parecer um pouco estranho. Mas Coimbra é sem dúvida, o berço do estado actual da música portuguesa.

Tudo graças a um nome: Tédio Boys! De facto, surgidos numa época em que se procurava um novo rumo na música portuguesa, este colectivo veio agitar a realidade nacional. Mostrando que afinal se pode gostar de algo já passado, que não é necessário inovar constantemente, os Tédio Boys revisitaram o rockabilly, o rock n' roll e os blues; e voltaram a aparecer as suiças, as poupas, a brilhantina, as calças de ganga justas e as botas bicudas.
A importância dos Tédio Boys reflectiu-se mais no underground musical português, mas quando um certo Joey Ramone os convidou pessoalmente para actuarem na sua festa de aniversário, na sua própria casa, este conjunto natural de Coimbra começou a ser visto de outra maneira pelos mais cépticos. Porque mesmo que não se acreditasse na sua música, era impossível não ficar rendido à força que empregavam em palco, à energia e à electricidade.

No entanto, tão depressa como apareceram, também desapareceram. E das cinzas dos Tédio Boys, levantaram-se outros projectos, que começam agora a dar cartas no panorama musical nacional, que só pecam por tardias.
O primeiro caso de sucesso, foi o projecto de Paulo Furtado, The Wraygunn. Revisitando as raízes da música, dos grandes mestres do blues, acenando ao funk de James Brown, sorrindo ao gospel, saltando no rock e visitando tudo o mais que seja audível, os The Wraygunn são actualmente uma das bandas portuguesas mais interessantes. E em palco, Paulo Furtado tem oportunidade de extravasar toda a sua demência saudável, seja ela ao rebolar na lama, seja ela ao desafiar o próprio Diabo. O que é certo, é que qualquer que seja o concerto que se assista, será uma experiência memorável.
Paulo Furtado tem ainda possibilidade de dar fuga a essa sua criatividade demente, com o projecto a solo de The Legendary Tigerman. Ao assumir esta pele, Furtado transforma-se num branco que queria ser negro, nascido nas margens do Mississipi, antes de enbarcar no êxodo para Chicago, cantando o amor, o sexo e as mulheres, numa mão a guitarra, na outra uma garrafa de whisky.

Logo atrás na carruagem vem Kaló e os seus Bunnyranch. Com um colectivo de peso, Kaló puxa a sua bateria para a frente e toma as rédeas de uma festa pagã de rock n' roll, ligada automaticamente à electricidade, recusando pactos com o Diabo, obrigando mesmo o próprio anjo do mal a vender a sua alma a eles. É rock puro e duro, em toda a sua essência, que faz saltar, dançar e gritar.

Mais discretos são os D3ö (lê-se the trio), de Tony Fortuna. Um power trio que bebe nas mesmas fontes e que ganha mais força ao vivo do que em disco. Talvez por isso, apareçam ainda na sombra. Mas não deixam de ser uma explosão sonora, sem medo de plagiar o mais viciante riff da história do rock, se isso for o necessário para fazer carburar essa explosão!

E depois há uns certos The Parkisons. Victor Torpedo e Pedro Xau são o que restava dos Tédio Boys. No entanto, fugiram de Coimbra e refugiaram-se em Londres. E foi lá que nasceu esta colectivo.
Calcorreando a estrada do punk, os The Parkisons começaram a desbravar caminho na adormecida cidade de Londres, agitando corpos e corações, sendo equiparados aos The Clash pela sua atitude. O seu reconhecimento aumentou com a digressão pelo Japão, onde foram recebidos por milhares em delírio. Espera-se o regresso a Portugal!

Entretando... Coimbra continua a ser a capital nacional do rock.


[Banda Sonora - Tam Tam Tam; SixPackTrack; 2003]

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