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Wednesday, September 22, 2004

Esta tarde, no meu leitor de CD's 


[Banda Sonora - Damage; Damage; 2004]


Jon Spencer tornou-se mais humilde e decidiu deixar de dar o nome à sua banda. E os Blues Explosion, agora com os seus membros todos a trabalharem em exclusividade para o colectivo, acaba de lançar nos escaparates Damage, o sucessor de Plastic Fang, que se arrisca já a tornar-se um dos marcos da discografia desta banda norte-americana.

Em Damage, este power trio desalmado volta a abordar a sua sonoridade por outro ângulo, que nem pitágoras sabia existir. É que ao contrário de algumas vozes mais críticas, os Blues Explosion não são apenas uma colagem de momentos rock n' roll retirados ao longo da história, prensados contra uma parede de distorção; são todo o suor que isso implica, desvarios emocionais, guitarradas experimentais e claro, outra vez muito rock n' roll. Se em disco ouvimos constantemente os Stones ou os Stooges, em palco vemos também Jimi Hendrix ou os Cramps.
Se antes já tinham experimentado a música electrónica, abandonando-a por completo em Plastic Fang, em Damage os Blues Explosion fazem uma incursão pelo hip-hop, daí as colaborações com DJ Shadow ou Dan The Automator. E de repente, parece que o hip-hop faz, finalmente, algum sentido.
Os Aerosmith já tinham mostrado ao mundo que o hip-hop encaixava da melhor maneira no rock - falo obviamente de Walk This Way, ao lado dos Run DMC - mas ninguém os quis ouvir, apostando sempre no contrário, no rock encaixado no hip-hop. Mas essa fórmula, por mais que tentem, não resulta. Ouviste Eminem? Por isso, Hot Gossip faz todo o sentido. É rock, é Jon Spencer, é hip-hop, é Chuck D [Public Enemy].
No entanto, não é por isso que deixamos de ouvir os Stones - sobretudo nas baladas - ou uns The Cramps mais seguros.

Depois de um início avalassador, o álbum acaba por perder gás e termina algo insonso. Mas com um início daqueles, será justo pedir mais? É que a a primeira música do álbum, cujo nome baptiza o disco e antecipa o primeiro single promocional - Burn I Off - é quiçá, a coisa mais poderosa que saiu cá para fora nos últimos tempos. Uma composição crescente, orelhuda qb e que, de repente, entre numa fúria despropositada, como se os The Who se tivessem multiplicado por cinco, possuídos por algo terrível das entranhas da Terra. Damage é uma canção que nos faz ouvi-la vezes sem conta; é por ela, que só ao segundo dia, é que conseguimos ouvir o resto do álbum. Não devia ser proibido fazer canções assim?

PS- Para quem viu, digam lá que o concerto dos Blues Explosion não foi das melhores coisas que Paredes de Coura viu este ano? E todo aquele dilúvio que se abatia ao mesmo tempo passou despercebido...

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