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Sunday, September 26, 2004

Paulo Furtado é Deus em pessoa e não diz a ninguém... 

...ou então não.
O certo é que os Wraygunn estão em digressão nacional - Station To Station - com os portuenses X-Wife e ontem passaram pelo Barreiro. Até nem foi dos melhores concertos que já assisti da banda, mas é um óptimo pretexto para falar acerca deles.

Os Wraygunn são a banda portuguesa da actualidade com mais potencialidades inerentes no álbum póstumo. Não é só por Eclesiastes 1.11 ser um dos discos mais frescos, modernos e dançáveis deste ano; é porque os Wraygunn transpiram originalidade, criatividade e muita, muita energia. Os Wraygunn são um poço sem fundo onde se amontoam os mais diversificados géneros musicais, ao qual a banda vai buscar às mãos cheias pedaços de tudo e de nada - gospel, electrónica, blues, hip-hop, soul e claro, rcok n' roll!
Da formação original apenas restou Paulo Furtado; e quer queira quer não, o facto é que este metade-homem metade-tigre é o rosto da banda.

Verdadeiro animal de palco, Paulo Furtado é daqueles que se vê à distância que mais do que gostar da música, ele sente a música. Daí vir toda aquela energia e aquela alienação em palco, que se traduz em saltos, reboliços pelo chão, destruição do material em palco e muita inter-acção com o público. Se os blues necessitassem de uma licença para serem tocados - algo tipo um curso intensivo ou isso - Paulo Furtado seria dos que a tirariam em dois tempos. E esta relação que ele tem ao tratar os blues por tu, fá-lo manter uma relação de proximidade com todas os géneros que aborda.
Se os Wraygunn são o resultado de toda a expressão da sua criatividade, também não se pode esquecer o resto da banda. Os Wraygunn também são Raquel Ralha, João Doce, Raquel Ralha, Francisco Correia, Sérgio Cardoso e acho que ainda não disse, Raquel Ralha.

Quanto aos concertos, são algo de obrigatório no panorama actual da música. Paulo Furtado puxa para si as responsabilidades da noite e arranca sempre para uma actuação demente, como se aquela fosse a última vez que subisse ao palco. Se por vezes o resto da banda tem alguma dificuldade em acompanhar aquela quase insanidade, musicalmente são eles que não deixam o concerto transformar-se em algo inaudível - e que grandes actuações de João Doce na percursão!
Um concerto até pode ser apenas música, mas havendo uma componete visual bem explorada, passa-se para outro nível - o da glorificação/galvanização. Os Wraygunn sabem isso e regem-se por esta máxima.
Com muita pena minha, nunca tive oportunidade de ver um concerto dos Tédio Boys. Mas depois de ver um concerto de Paulo Furtado e os seus Wraygunn, Kaló e os seus Bunnyranch e Toni Fortuna e os seus D3ö, imagino o que aqueles três rapazes fariam juntos.

É verdade. Eu gosto mesmo dos Wraygunn. Mas eles fazem por isso.

PS(1) - Andava com algumas dúvidas, que a noite de ontem teve o condão de desfazer por completo. Não gosto de X-Wifes nem compreendo todo aquele hype à volta do trio portuense...
PS(2) - O Barreiro está para Portugal como Manchester está para a Inglaterra, em termos musicais. Pelo menos assim espero! É que do Rio Tejo para baixo, é o único sítio onde se passa qualquer coisa. Concertos todos os fins-de-semana, sextas e sábados, os Wraygunn em digressão nacional e em breve, mais uma edição do Barreiro Rocks.
Nunca mais ouvi falar dos Act-Ups. Alguém sabe deles?


[Banda Sonora - Ain't Gonna Break My Soul; Soul Jam; 2000]


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