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Saturday, September 11, 2004

A propósito dos Libertines e da sua passagem pelo Garage 

Pouco habituados a ficar para trás no que diz respeito à música, os ingleses parecem ter ficado aflitos aquando do revivalismo do rock n' roll, tão merecidamente protagonizado em primeira instância pelos norte-americanos The Strokes.
De repente, quando já se deixara de ouvir apenas nos vãos de escada para se ouvir em todo o lado que o rock estava morto, o rock n' roll renasce pela mão de um colectivo norte-americano que rapidamente se espalhou internacionalmente. E se os ingleses não estavam habituados a ver os americanos a roubarem-lhe o protagonismo nos tronos musicais, muito menos estavam ao ver esses tronos ocupados por bandas de tudo o que era lado, fossem eles da Suécia [The Hives], da Nova Zelândia [The Datsuns], ou até da vizinha Escócia [Franz Ferdinand].
Por isso, os media ingleses rapidamente se apressaram em busca da next big thing; alguém capaz de fazer frente a ianques e a europeus; e alguém capaz de passar a figurar nas cadernetas da música da actualidade, em poucas semanas. E assim surgiram os The Libertines.

Com efeito, os The Libertines encaixavam-se como uma luva nas pretensões dos media ingleses. Protelavam um rock retro, mas orelhudo, onde se ouvia os Clash a tropeçar nos The Kinks; e ao mesmo tempo, apareciam enrolados na bandeira inglesa, quais Union Jacks patrióticos musicais. O hype foi imediato, o sucesso consequente e não demorou muito até serem considerados como a banda mais importante desta geração.
Up The Bracket, o álbum de estreia, era promissor. Mas rapidamente, as atenções viraram-se para outros factos. Pete Doherty, o guitarrista/vocalista, não conseguia afastar-se do verdadeiro espírito rocker, do sexo, drogas e rock n' roll, com apetecência para as segundas. Os media não perdoavam e as suas diabtrices não ajudavam. Rapidamente, Doherty se viu a braços com a justiça, foi preso, abandonado pela namorada e despedido da banda.

Actualmente, apesar de ter sido lançado o segundo álbum, de nome homónimo, o resultado não foi muito convincente. E adivinha-se que se Doherty não vencer a luta contra a heroína, que isso será o fim dos Libs. A imprensa britânica já o entendeu. E a sucessão já recomeçou.
Por isso, a minha opinião é que o próximo nome a decorar, vindo das terras de sua majestade, catalogados como a next big thing, vão responder pelo nome The Blueskins. O álbum de estreia chama-se Word Of Mouth e o colectivo inglês está neste momento na pole position para a sucessão dos The Libertines.

Não são tão agressivos quanto os The Libertines, mas o que perdem no punk, ganham-no no pop. Atitude não lhes falta, refrões e guitarradas orelhudos também não e ganham ainda uma consistência pop de herança betleniana, aliada a uma influência retro rock de uns certos Led Zeppelin - até o registo vocal, faz lembrar Robert Plant.
Por tudo isto e mais umas razões, The Blueskins são a minha aposta para a sucessão do trono da música rock em Inglaterra. O tempo dirá se tenho razão.

P.S. - Afinal, ao contrário do título, o texto acabou por ter pouco a ver com a passagem dos The Libertines pelo Paradise Garage, ontem à noite. Mas também parece que foi a meio-gás. A adivinhar o declínio que se assoma.


[Banda Sonora - Ellie Meadows; Word Of Mouth; 2004]


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