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Tuesday, September 14, 2004

Scott Weiland, o último dos rockstars 

Reza a história que os três ex-membros dos Guns n' Roses - Slash, Duff e Matt - se juntaram para tocar num concerto de tributo ao amigo Randy Castillo [ex-baterista de Ozzy Osborne]. E parece que a experiência foi tão revitalizadora que, os três amigos ao recordarem os tempos idos de sucesso ao lado de Izzy Stradlin - e mais tarde Gilby Clarke - e Axl Rose, decidiram abandonar os seus projectos que teimavam em se manter afastados do sucesso - Slash's Snakepit, Loaded e até mesmo, os The Cult - para formarem uma nova banda.
Recrutaram Dave Kushner para complementar a secção rítmica e apontaram baterias para um vocalista, capaz de dar a cara por aquele novo projecto rock. O retrato era fácil: uma fusão entre a veia criadora de Lennon e McCartney com a irreverência de Billy Idol, aliado ao estilo de Steven Tyler e ao glamour(?) de Alice Cooper. No entanto, a escolha era mais difícil do que parecia e assomava-se mesmo épica. Scott Weiland era uma boa escolha, mas estava com os Stone Temple Pilots; Mike Patton rejeitou a favor dos seus inúmeros projectos; e os verdadeiros rockers escasseavam. A solução foi recorrer a um reality show mascarado de casting gigantesco; mas quando a melhor hipótese era Sebastian Bach [Skid Row], a qualidade dos candidatos fica bem patente.
A tarefa parecia hercúlea.

No entanto, como que por acção divina, Scott Weiland desmantelou os inactivos STP e juntou-se aos quatro músicos, nascendo assim os Velvet Revolver, transformando uma nova banda rock, numa super nova banda rock. Estava encontrado o último dos rockstars.

O epíteto parece exagerado, mas não o é.
Numa altura em que a música é um negócio volátil, apenas e só apontado para as grandes massas, o verdadeiro espírito do rock n' roll tende a desaparecer. É que no meio de tanto marketing, merchandising e regras de promoção, vigiadas por bandos de agentes publicitários e managers, os músicos já nem têm possibilidade de se dedicarem à música que gostam, quanto mais ao sexo, drogas e rock n' roll.
Se a própria música é dirigida por directrizes pré-definidas, o que dizer da vida dos próprios artistas?
No entanto, continua a haver Scott Weiland, que manda tudo isto para trás das costas e continua a acreditar e a viver segundo a máxima sexo, drogas e rock n' roll, com apetência para as segundas.
E não digo isto apenas pelas suas jornadas periódicas por clínicas de reabilitação; digo isto porque basta olhar para os olhos (vidrados) de Scott Weiland para ver que ele vive o momento, que sabe o que é a liberdade e a vida. E quantos músicos hoje em dia, se podem orgulhar de já terem sido presos uma vez, quanto mais as incontáveis vezes que Weiland já o foi.

Por outras palavras, Scott Weiland parece um drogado alienado, com estilo, a quem as calças de licra ficam bem, que sabe cantar e dançar e que sabe o abedecedário do rock n' roll.
Em suma, é o último dos rockstars! Hail hail to rock n' roll!!

P.S.- Os Velvet Revolver passaram este domingo pelo Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Curioso, em como há uma década o grunge não conjugava com o glam rock (afinal o primeiro tinha assassinado o segundo) e agora os dois fundidos fazem todo o sentido.
É certo que lhes falta confiança e um segundo álbum para melhorarem musicalmente. Mas um concerto com aquela força toda nunca pode ser um mau concerto.


[Banda Sonora - Big Machine; Contraband; 2004]


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