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Wednesday, January 05, 2005

Antes tarde do que nunca 

Alertado pelo leitor Rodolfo, recuperei um álbum do recém-terminado ano, chamado Thunder, Lightning, Strike, de uma tal nova banda que responde pelo nome The Go! Team, que me tinha passado despercebido.
Depois de olhar para a capa, é verdade que pensei para comigo como é que tal não me tinha prendido a atenção mais cedo. E depois de o ouvir, dei comigo a praguejar impropérios sem conta à minha própria pessoa pelo vergonhoso atraso na descoberta deste prodígio sonoro.
Uma vergonha! Mas antes tarde do que nunca.

Numa altura em que se fala tanto de revivalismos, com os anos 80 à frente da vaga, os The Go! Team conseguiram ir mais além. Recuperaram os anos 80, é certo, mas inesperadamente recuperaram o imaginário televisivo dos anos 80, os genéricos triunfantes de MacGyver ou Miami Vice, que ainda hoje cantarolamos no duche, a música pipoca dos western-spaghetti de Morricone, ou até mesmo o brilho das jóias de B.A. Baracus de The A-Team.

Estranho? Nem por isso, se escutarmos Thunder, Lightning, Strike.
A minha primeira audição foi com uma gripe descomunal e 40 de febre, mas os efeitos não deixaram de ser os mesmos depois de uma segunda audição, desta vez são.
Este álbum de avanço dos The Go! Team é uma força da natureza, que como o próprio nome indica, são raios, trovões e tempestades. E ainda acrescento ariscos, coriscos e relâmpagos.
Apesar da demência das guitarras e bateria e das freakouts vozes femininas - porque apesar de haver muitos homens a rockar, as mulheres quando rockam , rockam mesmo (alguém mencionou a Karen O ou a Peaches?) - os The Go! Team são uma etsranha combinação de punk-electro-new wave dos anos 80(?), sem descartar a harmónica de Morricone em Panther Dash, o genérico explosivo de Miami Vice, de explosões e tiroteios, em Junior Kickstart, ou a banda-sonora de um Bruce Lee preso em Los Angeles, em Everyone's A VIP To Someone.

Uma colagem de ritmos de dança, que não pode deixar de lembrar os The Avalanches, numa multiplicidade de layers e samples, que tem tanto de complexo como de agradável.
Thunder, Lightning, Strike é uma corrida alucinante, numa pista de nascar, à mercê de um dilúvio bíblico, enquanto sorrimos da intempérie e cantarolamos mais alto que os trovões.
E não estranhem se o próximo álbum se iniciar com um narrador a comentar, ao som de explosões de morteiro, in 1972 a crack commando unit was sent to prison by a military court for a crime they didn't commit...


[Banda Sonora - Feelgood By Numbers; Thunder, Lightning, Strike; 2004]


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