<$BlogRSDURL$>

Sunday, March 27, 2005

Esqueçam a Páscoa. Nós temos os blues! 

Já aqui falei da Oficina do Cais, um antro musical de excepção, mas com uma qualidade acústica que deixa a desejar. O que nunca falei aqui foi dos Soledad Brothers. Por isso, para compensar esta falha, vou faze-lo num parágrafo inteiro.

Os Soledad Brothers são bons de mais. Fazer elogios assim é sempre relativo, mas as verdades são para ser ditas, cruas e directas, com muita honestidade. Como os blues. E se os Soledad Brothers são bons, temos que o dizer.
Este trio norte-americano de blues-rock escuros e negros, que começou a dar nas vistas para o mundo quando Jack White serviu de padrinho ao posar para a capa de um disco, passou pelo nosso país em digressão, primeiro no Porto e ontem no Montijo.

Soledad Brothers na Oficina Do Cais. Duas palavras que conjugavam na perfeição na mesma frase, como se os planetas se tivessem alinhado em sinal de boa sorte.
O concerto foi arrasador! É injusto tentar descrever por palavras um concerto destes, porque tudo o que escrever vai parecer redutor para tudo o que se passou lá. Como é que se descreve um baterista armado em Keith Moon e dois guitarristas, um com um autocolante na guitarra que dizia kick out the jam motherfuckers e outro a recorrer frequentemente aos riffs de Keith Richards, tudo acelarado umas trinta rotações. Naquele palco não estiveram só os Soledad Brothers: estiveram o rock demolidor dos The Who, os blues-rock-n'-roll dos Rolling Stones, o motim blues-rock dos MC5, o garage-rock dos The Cramps, a slide-guitar de Jeff Beck e até a harmónica de Bob Dylan! Naquele palco estiveram uma hora de blues suados e rock n' roll gritados!

Para os acompanhar numa música, subiu ao palco Dooley Wilson, o homem do blues que abriu as hostes com quarenta minutos de blues a uma pessoa. Esquecendo-se por momentos que era branco, Dooley Wilson deu uma aula de blues, deambulando pelas escolas de Robert Johnson, Johnnie Lee Hooker e Muddy Watters, concluindo o set com I Can't Be Satisfied. É verdade. Quarenta minutos foi pouco tempo para ficarmos satisfeitos. Mas a mestria com que a guitarra era tocada e como os blues seram regurgitados, fizeram pensar no que aconteceria se Dooley Wilson tivesse um pouco mais de instinto assassino!

A adrenalina suficiente para continuar a correr nas veias no dia seguinte.


[Banda Sonora - .32 Blues; Steal Your Soul And Dare Your Spirit; 2000]

|

This page is powered by Blogger. Isn't yours? Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com